Quando o sorriso murcha

13-05-2016 00:43

Quando o sorriso murcha, a alma sufocada ganha espaço

Quando o sorriso murcha, o corpo, de si doentio, fica lasso

Sorrio, porque me recuso a desafiar

Não sorrio, sinto-me em ebulição, loucamente a vibrar

Sorrio, porque me obrigo parcamente a dizer sim

Não sorrio, deixo-me ferir em tons de carmim

 

Sorrio, tenho a alma encardida, numa débil tonalidade amarela

Sorrio, pego na vida como quem banalmente cospe na tigela,

Sorrio, recuso voar, voar mais alto

Sorrio, porque desisto, assim, só desisto

Desta vez, prefiro ficar pelo asfalto

Desta vez, a força, pesada, entorna-se, e não persisto

Deixo a vida entoar sem melodia

Deixo a vida derramar numa silente gritaria

Porque sorrio,

Porque não há inverno que traga mais frio.

 

Mas sei que é preciso não sorrir,

Se for audaz para ver diferente,

Mas sei que é preciso aceder às loucuras, e simplesmente persistir,

Se não for suficiente passar, ali, rente,

É preciso a mal sujar,

É preciso a mal não querer ficar,

É preciso a mal deixar o corpo partir

E não ter medo de não sorrir

Para um dia, quando o sorriso a mal decidir voltar,

Possa entoar cores diferentes na melodia

E encontre novos horizontes, novos passos de galhardia.

 

Porque quando o sorriso quer murchar,

Dêmos espaço à alma, para que possa voar

Larguemos inconsequentemente o corpo, sem medo de que se vá magoar

Porque novos espinhos trarão novas formas de sonhar,

Novos sorrisos, novas formas de aprender a amar.

Tópico: Quando o sorriso murcha

Não foram encontrados comentários.

Novo comentário