Passando a vida da mão para o boião
Pu-la num boião, encafuada nas velharias da casa
Pu-la ao acaso, sem consultar o reflexo da consciência.
Predispus-me a atirar fogos, a incendiar,
Pelos dedos morreu-me a alma, assim,
Pregando versos ao vento surdo,
Porém, por não ter a vida nos dedos, a voz escapou-me.
Perderam-se-me as histórias,
Passando a vida da mão para o boião.
Pensei-a mais do que a vivi
Presenteei obras como um cineasta,
Próprio de um criador de vida alheia
Por isso, errei por falsos caminhos sem me levantar
Porque viver é pular da poltrona e ser-se ator.
Pensei-a mais do que a vivi
Presumindo que fingi-la fosse tê-la
Presumindo que, pagando com o coração os anos da solidão,
Provasse a veneração de todas as pessoas,
Pessoas que pela segurança e razão
Perdem a estrela cintilante da vida,
Perdem ao pegar em papel e caneta, e encafuando-a num boião.
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