O dia, o dia foi de guerra
O dia, o dia foi de guerra,
Houve insultos, atentados, armas de fogo, e, depois, sangue, muito sangue
Houve gritos e gemidos, dor e agonia,
O mundo ardendo em tensão, estripado em miséria e maldade –
O mundo vermelho que habita sob a alçada do nosso sol, em ebulição.
É o inferno!
A guerra que derrama sangue, muito sangue, é despoletada em silêncios agitados.
Aqui, todos lutamos em silêncio.
Lutamos sozinhos para sobreviver, por sabermos que seremos negados, julgados.
Aqui, aprendemos a fugir de nós mesmos e a matar, também nós, no silêncio,
Pela calada da noite, do dia, do sangue que ninguém ouve gemer,
Aqui, aprendemos a extirpar parte do nosso coração,
Aqui, aprendemos a viver, espraiando-nos no sangue e gritos, silenciosos, alheios.
Mas a noite vem, a noite, e o negrume é a mortalha que cobre os excessos,
Pecados pelos quais pagaremos, pecados que não vemos,
O mundo é coberto, e fingimos a dor, a compaixão, e até fingimos amar
O mundo morreu aquando da aceitação da realidade que nos fizeram crer
Quero, quero asas, quero asas para voar sobre o inferno
Quero, quero ouvidos, ouvidos para escutar a agonia, e escolher não tomar partido.
Quero, quero um coração do qual não tenha de me apartar, e saber saber amar.
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