O dia, o dia foi de guerra

26-10-2015 23:26

O dia, o dia foi de guerra,

Houve insultos, atentados, armas de fogo, e, depois, sangue, muito sangue

Houve gritos e gemidos, dor e agonia,

O mundo ardendo em tensão, estripado em miséria e maldade –

O mundo vermelho que habita sob a alçada do nosso sol, em ebulição.

 

É o inferno!

A guerra que derrama sangue, muito sangue, é despoletada em silêncios agitados.

Aqui, todos lutamos em silêncio.

Lutamos sozinhos para sobreviver, por sabermos que seremos negados, julgados.

 

Aqui, aprendemos a fugir de nós mesmos e a matar, também nós, no silêncio,

Pela calada da noite, do dia, do sangue que ninguém ouve gemer,

Aqui, aprendemos a extirpar parte do nosso coração,

Aqui, aprendemos a viver, espraiando-nos no sangue e gritos, silenciosos, alheios.

 

Mas a noite vem, a noite, e o negrume é a mortalha que cobre os excessos,

Pecados pelos quais pagaremos, pecados que não vemos,

O mundo é coberto, e fingimos a dor, a compaixão, e até fingimos amar

O mundo morreu aquando da aceitação da realidade que nos fizeram crer

 

Quero, quero asas, quero asas para voar sobre o inferno

Quero, quero ouvidos, ouvidos para escutar a agonia, e escolher não tomar partido.

Quero, quero um coração do qual não tenha de me apartar, e saber saber amar.

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