Morremos em terra, como se nascêssemos pela primeira vez
Vejo a terra como quem peca em saudade
Vejo-a, não com estes olhos, já sem idade.
Uso, pois, a nostalgia do coração,
Fumo a sombra de felicidade porque as mãos lutaram, em vão,
Vejo a terra, as flores são ouro fugaz
E há tanto ouro por lapidar
Tantas almas por cuidar, perdidas, sem conseguir lutar
O vento é agreste, e na terra ninguém jaz
Perdido, perdido senti-me perante a imensa inglória e precariedade,
Mas uma flor abriu-me o coração, sem pedir,
Limitou-se a olhar-me e, como quem mergulha no oceano, a sorrir.
Esvaiu-se-me o jeito, fiquei nu, sem fendas de falsidade
Colhi a flor da terra, e juntos contemplamos o céu,
Em mil noites, descobrimos o véu,
Em mil noites, as estrelas abraçaram-nos o coração
Em mil noites, encontramos felicidade, como que vinda de uma poção.
Em mil noites, trocamos amor, mas o mau tempo chegou
E, destruindo-nos os laços de amor, destronou.
A flor murchou, mirrou, voltando à terra donde nasceu
E, para sempre, quebrou promessas eternas, a única verdade de súbito morreu
O coração flamejou, cintilando uma última vez,
Cintilando apagado,
Lembrando somente à memória que já foi amado
E, afastando-nos de mar e estrelas, morremos em terra, como se nascêssemos pela primeira vez
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