O percurso do poema...
Começa com uma leveza , diria, perturbadora "Penso o peso de uma pena" para a concepção da vida como se de um fardo se tratasse.
O poema é extremamente tocante.
Parabéns pela sensibilidade.
Esta vida é para quem ousa, mas nasci porque me ousaram
Penso o peso de uma pena – paciência penetrante de uma paz pura e plácida
Nada mais jaz no meu leito – sou apenas eu,
E eu nem tenho impressão rugosa da paz que me embala
Mas do fundo do céu, negro como o vazio da vida, vêm ecos combalidos, torpes e enfermos,
O ruído estertor da gruta faz-me nascer, a luz queima-me os olhos, o coração, a pele, e sinto,
Sinto necessidade impiedosa por existir, e berro pelo meu espaço,
Berro pela violenta necessidade em respirar, em existir,
E, no entanto, não gritaria se não estivessem, ali, outros para me ouvir
Porque a nossa voz é o ouvido dos outros
Agora, não penso, limito-me a receber injeções aditivas de adrenalina, ecos de outras vidas,
Suores de expetativas recaem vãmente sobre os meus ombros,
Sorrisos de falsidade, de quem sabe que vida é pele de beringela, depois de golpeada
Sou a existência bradejada pelo fundo do autoclismo
Sou um pintainho perdido no meio de uma alcateia de lobos esfaimada
No cume das torres que me erguem, vejo vultos, vultos brancos com o condão da vida nas mãos
Vejo vida saída da agonia, e, por detrás das paredes, onde as mãos são parteiras,
Cheiro a carnificina, a malvadez arrotada em mãos engorduradas por nacos suculentos de carne
Cheiro a carne apodrecida, daqueles que abandonaram mal a vida, os mortos-vivos,
Que nem ousaram matar-se, nem matar para viver
Esta vida é para quem ousa, mas nasci porque me ousaram
Tópico: Esta vida é para quem ousa, mas nasci porque me ousaram
o teu poema
Data: 03-08-2015 | De: nidia
Re:o teu poema
Data: 09-08-2015 | De: Elizabete Leonora
Obrigado pela partilha...fico muito contente por te ter conseguido tocar, por ter conseguido comunicar através destas singelas palavras :)