Confissão de Deus
O horizonte, da poltrona onde me sento, é o meu paraíso epicurista
Lá, cintila a beática felicidade dos anjos alados,
Pois coexistem com a vida seguindo adágios moderados
Aqui, no paraíso, o meu cajado dourado asfixia o excesso antropocentrista
Aqueles que são pó da minha alma devem ser alvo de vassalagem
Afinal, esses foram criados à minha semelhança e imagem
Os restantes existentes naturais devem saciar-lhes as necessidades
Não fosse eu fornecer-lhes todas as alibilidades
Vivo na mansarda sideral do observatório sem cera
Daqui, vejo tudo, o bem e o mal
Só não supusera que a ingratidão se tornasse numa atuação tão real
Mas quem julgam ser para desfrutarem a vida sem espera
Sem aguardarem pelo prometido paraíso,
Que guardo como um pastor doma o rebanho,
Usam e abusam da adrenalina, da ironia, do prazer que amanho
Com as minhas mãos de justiceiro que já não aguentam mais riso
Sou a perfeição, mas, afinal, para que criei esta insubordinada seita
Não, confesso, sinto impotência, se a perfeição me chegasse, não os teria criado
Mas, se a perfeição me é insuficiente, a perfeição ser-me-á, por natureza, imperfeita
Afinal, sou eu quem urge afogar a solidão, sou eu quem está carenciado
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