Quando o sorriso murcha
Quando o sorriso murcha, a alma sufocada ganha espaço
Quando o sorriso murcha, o corpo, de si doentio, fica lasso
Sorrio, porque me recuso a desafiar
Não sorrio, sinto-me em ebulição, loucamente a vibrar
Sorrio, porque me obrigo parcamente a dizer sim
Não sorrio, deixo-me ferir em tons de carmim
Sorrio, tenho a alma encardida, numa débil tonalidade amarela
Sorrio, pego na vida como quem banalmente cospe na tigela,
Sorrio, recuso voar, voar mais alto
Sorrio, porque desisto, assim, só desisto
Desta vez, prefiro ficar pelo asfalto
Desta vez, a força, pesada, entorna-se, e não persisto
Deixo a vida entoar sem melodia
Deixo a vida derramar numa silente gritaria
Porque sorrio,
Porque não há inverno que traga mais frio.
Mas sei que é preciso não sorrir,
Se for audaz para ver diferente,
Mas sei que é preciso aceder às loucuras, e simplesmente persistir,
Se não for suficiente passar, ali, rente,
É preciso a mal sujar,
É preciso a mal não querer ficar,
É preciso a mal deixar o corpo partir
E não ter medo de não sorrir
Para um dia, quando o sorriso a mal decidir voltar,
Possa entoar cores diferentes na melodia
E encontre novos horizontes, novos passos de galhardia.
Porque quando o sorriso quer murchar,
Dêmos espaço à alma, para que possa voar
Larguemos inconsequentemente o corpo, sem medo de que se vá magoar
Porque novos espinhos trarão novas formas de sonhar,
Novos sorrisos, novas formas de aprender a amar.
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