Este poema é lindíssimo. Que a inspiração nunca te falte e que a vida sempre te sorria.
Com amizade,
C.
Porque a vida que não nos mata, obriga-nos a amar
A lágrima que não desce
Pinta a alma de preto com sombras de felicidade,
Mas é o sorriso que não floresce
Que mancha a alma com o fulgor polar da saudade
Às sombras de felicidade, tento apanhá-las nos dígitos que teimam em sair
E, insignificantemente, arrasto as palavras, como meros traços.
Mas é ao fulgor polar da saudade a quem abro os braços,
E aperto com veemência, até a força se me esvair.
Aos dígitos, junto-os, rasgando-os, mordendo-os, sufocando-os,
Para que o passado ganhe forma e no coração não hajam mais aguaceiros
E à vida, perco-a, acariciando-a, beijando-a, amando-a,
E o presente perde-se, quando o passado se torna demasiado pesado.
E, no fim do dia, o firmamento volta a adormecer
Lembrando-nos que tudo tem um fim
Mas é ao bocejar da alvorada que o firmamento nos surge, a correr,
Lembrando-nos que temos mais uma oportunidade, assim,
As sentenças, por nós escritas, tornam-se estrelas, fazendo-nos inspirar,
E é ante o desfiladeiro afunilado da vida que voltamos a querer viver
E é ante a sombra que nos persegue que rasgámos o egoísmo,
Porque a vida que não nos mata, obriga-nos a amar.