Um bonito poema que tão bem descreve a atualidade; do começo até ao final! Quando o lia e à medida que avançava estava ansiosa para saber o que viria a seguir; como sempre não desiludiu! Amei!
Muito sentimento, tantas emoções...
Parabéns! ;-)
E, nesse piscar de olhos, trocou o amor por vários amores
O mundo como um pedaço de terra
O mundo como um cinzento manto
Onde não há diabo ou santo
Que não beije com presunção de paz ou guerra
E foi precisamente naquele pedaço de terra, vazio,
Cujas noites acarretavam sempre um incómodo frio,
Que, sem a ver nascer,
Brotou a primeira flor
Um súbito e inesperado primeiro amor,
Que num abraço minúsculo bloqueou torrentes de dor
E fez esquecer a terra do que era sofrer.
Aquela terra, ali, só, um desterro do próprio destino,
Subjugada pela sina, própria de quem se acha cretino,
Aquela, minúscula, perante tantas outras terras,
Imponentes, imensas, imóveis – mesmo ante cataclismos –
Montanhas, vales, planícies, planaltos, serras!
Mas com a flor deixou de haver dualismos,
Deixou de haver dor
A terra sabia o que era a solidão
Por isso, abriu os braços ao amor
Como um amante beija, em plena comoção
Eram tão diferentes, mas tinham algo em comum
Ambos eram crianças dando os primeiros passos no mundo do amor
E, juntos, amaram-se como quem teme agudamente a dor
E, juntos, amaram-se como se amor não existisse mais nenhum
Eram o universo um do outro,
Discutiam, arguiam ferozmente,
Por qualquer razão que para o resto do mundo era indiferente,
Mas era nessas dissensões que aquele amor se condensava,
Nos risos só deles, nas piadas que se o universo ouvisse não as encontrava,
Porque só eles eram o universo um do outro
Mas um dia, depois de um de tempestade,
O sol rasgou os céus, e mil flores floriram naquela terra,
E, num segundo, a flor, que desconhecia a saudade,
Decidiu largar a mão do amor, como quem erra
Decidiu, a flor, levianamente esquecer o tempo passado,
Somente derramando uma lágrima,
Sem escutar os gritos de solidão da amada terra, uma lágrima,
Somente uma parca lágrima,
Abandonou a terra, que ainda a acolhia, como se nunca a tivesse amado
Num silêncio cortante, fez a terra odiar
Num silêncio cortante, preferiu abalar
E, nesse piscar de olhos, trocou-a por outras flores
E, nesse piscar de olhos, trocou o amor por vários amores
Tópico: E, nesse piscar de olhos, trocou o amor por vários amores
Tema tão atual
Data: 01-02-2016 | De: Cristina
Re:Tema tão atual
Data: 02-02-2016 | De: Elizabete Leonora
Muito obrigado pelos elogios! Beijinhos!